quinta-feira, 14 de junho de 2007

Boas Vindas


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Pedro Cardoso - revolucionário na cabo-verdianidade

Foi poeta, escritor, ensaísta, jornalista,professor e funcionário das alfândegas. Masacima de tudo foi um revolucionário. Numa altura em que é já iminente a oficializaçãodo crioulo, surge agora em obras do Institutoda Biblioteca Nacional e do Livro(IBNL) e do antropólogo Manuel Brito-Semedo um Pedro Cardoso revalorizado.Traz-se, assim, novamente para a luz do dia,um dos primeiros grandes activistas da línguae da cultura cabo-verdianas.Nasceu no Fogo em 1890, mas logo oseu pensamento extrapolou a ilha do vulcão,envolvendo-se numa relação dual comas ilhas e com o universo do imenso continenteafricano. Movendo-se nessa alternânciae complementaridade de mundos, opoeta pré-claridoso Pedro Cardoso crioudurante os 52 anos da sua vida, uma obramarcada pela liberdade e pela exaltação daidentidade crioula como entidade culturalindependente e autónoma. Uma atitude deruptura com o Portugal colonial, assente nautilização da língua materna e na redefiniçãodo bilinguismo.Pedro Cardoso colocou, desta forma, ocrioulo e português em consonância e empé de igualdade. No fundo, esta atitude eraum reflexo da ideologia maior deste poeta,que definia a relação entre Cabo Verde e Portugal com base num sistema sem patrõesnem subordinados. Numa altura em queestavam ainda em fermentação os movimentosque viriam a determinar o fim doimpério luso, este pensamento era deverasarrojado e inovador. Motivo mais que suficientepara alguns confrontos com as entidadescoloniais de então, atentas a qualquerassomo de sentimentos nacionalistas.No entanto, Pedro Cardoso não teriapretensões de cortar de uma forma extremaas relações de Cabo Verde com a “transpátriaportuguesa”, como nota José LuísHopffer Almada, num ensaio publicado recentementeno Kriolidadi, sobre os grandespoetas cabo-verdianos. A sua obra eideologia procurariam antes redireccionaras ilhas para o seu interior cultural e social,também ele fruto de uma mistura entremundos. Uma introspecção que, pouco apouco, delineasse uma autonomia social ecultural em relação à antiga metrópole.Esta atitude de autonomização e da valorizaçãodo crioulo marca transversalmentea obra do autor. Para o também poetaFilinto Elísio, Pedro Cardoso foi uma dasfiguras máximas desse período “nativistae romântico das letras cabo-verdianas”.“Jardim das Hespérides”, “Folclore Cabo-Verdiano” e “Lírios e Cravos” foram algunsdos livros assinados pelo autor, que escolheucomo pseudónimo o denunciadornome “Afro”. Este amor e admiração pelocontinente negro estiveram também na basedos seus trabalhos em torno das civiliza-PEDRO CARDOSOUm revolucionário na cabo-verdianidadeções africanas, como o antigo Egipto.Para além da actividade literária, PedroCardoso era também jornalista, desempenhandofunções de colaborador na revista“Mocidade Africana” e de chefia de redacçãoe cronista do “A Voz de Cabo Verde”.As trinta e três crónicas de intervençãosocial e política escritas para este jornal nasecção “A Manduco” foram já compiladase organizadas pelo antropólogo ManuelBrito-Semedo, num livro finalizado em2003, entregue à Spleen Edições e queaguarda desde então por financiamento. O“A Manduco - Crónicas de Pedro Cardoson’A voz de Cabo Verde (1911-14)” é, destaforma, composto pelos textos escritos poraquele homem das letras ao longo dos trêsanos em que manteve o espaço de crónicas,e por notas de Semedo-Brito sobre osmesmos. Como conta o antropólogo, duranteeste período a pena de Pedro Cardoso“zurziu e alimentou polémica” sobre assuntosdiversos como a arborização, o analfabetismoou questões da raça negra e da autonomiadas ilhas.Na sequência do trabalho como cronistano “A Voz de Cabo Verde”, Pedro Cardosoco-fundou e foi proprietário da revistatambém ela intitulada, nada mais nada menos,que “Manduco”. Esta publicação seguiaa mesma linha crítica iniciada no jornale, como o próprio nome indica, pretendiatrazer mãos à palmatória. Acima detudo, era mais um veículo acutilante encontradopor Pedro Cardoso para exprimir edifundir as suas profundas convicções.É neste contexto que surge mais umaobra sobre este homem das letras, agora pelamão do IBNL e do Ministério da Cultura.Com o nome “Manduco”, segundo umainformação veiculada no blog “Lantuna”,o livro pretende reeditar as duas ediçõesdaquela revista. Para além desta súmula, aobra integrará também um ensaio sobre avida e obra de Pedro Cardoso, da responsabilidadede Filinto Elísio. Um poeta paraquem “é preciso desmistificar e dizer claramenteque o arranque da cabo-verdianidadecomo movimento fixou-se antes dosclaridosos, com autores como Pedro Cardosoou Eugénio Tavares”.Ainda sem data de lançamento marcada,o “Manduco”, integra-se nas comemoraçõesdos trinta anos da independência eenquadra-se no objectivo maior do Ministérioda Cultura de resgatar os grandes clássicosda literatura cabo-verdiana. Aindadurante este ano, será editada uma obra sobreJosé Lopes, para além dos lançamentosde uma enciclopédia da cultura cabo-verdiana,em 12 de Setembro, e do primeirodicionário crioulo/português previsto paraNovembro. Está também em forja a reediçãoda “História das Ilhas de Cabo Verde”,de Daniel Pereira.
by Pedro Miguel Cardoso in A Semana de 6 de Mai. 2005

domingo, 10 de junho de 2007

Festa Banderona na Campana Baxo...

Decorre de 21 de Janeiro à 15 de Fevereiro de cada ano, em Campanas Baixo – Fogo, a tradicional festa da Bandeirona, que segundo a tradição estende – se por mais de dois séculos. Uma festa muito próxima da de S. João Baptista que geralmente em todo o Pais é assinalado a 24 de Junho.
Guenny, jovem estudante da Ilha, que vem trabalhando ligado às Universidades Abertas de Lisboa e Porto, à volta das tradições orais e outros elementos culturais de Cabo – Verde, explicou – a como sendo uma manifestação cultural "que, reza a tradição, surgiu numa Ribeira. Naquele tempo as pessoas ouviram o assobiar do vento, sons comparados com o toque de tambor e cantigas no ar, ao longo de 10 dias. Seguiram – se relâmpagos, trovões, tendo um raio caído numa Ribeira onde brincavam algumas crianças. A partir daí, a festa começou com as crianças que tocavam em latas. Depois então com o passar dos anos a Festa foi ganhando novas dimensões e hoje é uma das maiores festas culturais em termos de tradição e duração em Cabo – Verde". Durante a Festa 25 a 30 cabeças de animais são abatidos por dia, sendo a duração dos festejos de 25 dias.

Ilha do Fogo - Geografia e Outros Dados...

De formação vulcânica intermitente e irregular cujas primeiras fases parecem ter sido submarinas, o solo apresenta aflorações eruptivas com disposições sedimentares, onde a erosão talhou, nalguns casos, vales profundos de espectacular efeito.

A Oeste da ilha de Santiago, de forma circular, a Ilha do FOGO vista em aproximação parece uma montanha vulcânica. Com uma área de 476 km2, é a quarta ilha em dimensão. É porém a mais alta, com 2.829 metros no topo do Vulcão.

A Ilha, de origem vulcânica, tem no vulcão o seu ex-libris e o seu maior interesse turístico.Presentemente o cone vulcânico ergue-se no meio de uma caldeira de 8 km de diâmetro - CHÃ DAS CALDEIRAS - com paredes altas do lado ocidental que nalgumas zonas atingem os 1000 metros, e termina com uma cratera de 500 metros de diâmetro e 180 de profundidade.

Este conjunto, que constitui uma das mais espectaculares paisagens do Arquipélago, teria tido origem num afundamento, com deslizamento na parte oriental, do cone vulcânico primitivo, que teria atingido os 3.500 metros de altura. Activo, até meados do séc.XVIII, o cone principal cessou então as emanações que passaram a manifestar-se permanentemente no sopé deste, em crateras adventícias com fumarolas e depósitos de enxofre.
Esporadicamente ocorrem erupções, a última das quais teve lugar em 1995, com explosão seguida de escorrimento de lava.

História

Descoberta ao mesmo tempo que Santiago e Maio, a 1 de Maio de 1460, foi inicialmente designada por S.FILIPE, mas mais tarde passou a ser identificada com mais propriedade por FOGO.
A sua ocupação foi emidiata, pela necessidade de aumentar a extensão agrícola de santiago.
Das espécies cultivadas introduzidas, merecem especial relevo, o café, pela sua qualidade e aroma, e as castas de videiras que permitem o famoso vinho do
FOGO, o Manecom que chegou a ser exportado para o Brasil.
Da actividade agro-industrial surgiram os povoados de S.FILIPE, Aldeias da IGREJA, MOSTEIROS e FAJAZINHA.
Visita frequente dos baleeiros, no séc.XIX, cedo começou o processo migratório dos mais desfavorecidos para a América, donde mais tarde regressaram enrequecidos alterando as estruturas sociais da ilha, com a aquisição dos bens das familias mais dominantes, emprobecidas pelas secas que se tornaram mais frequentes.

Festas e Romarias

Entre a última semana de Abril e 1 de Maio tem lugar no FOGO uma das maiores manifestações culturais do Arquipélago: As festas de São Filipe.
Corridas de cavalos, bailes, missa e procissão fazem parte do evento.Também a culinária da ilha atinge os seus pontos mais altos com pratos típicos específicos desta época festiva.

Gastronomia

FOGO é rico em pratos típicos preparados com requinte e de acordo com a tradição, para serem servidos especialmente em dias de festa, como o "Xerém de festa", associados ao aromático café e ao vinho da chã, o Manecom.

Entretenemento & Desporto

A paisagem espectacular e o próprio terreno são um convite para a caminhada a pé e ou de bicicleta.A subida ao cimo do pico, caminhada de cerca de quatro horas é, sem dúvida, um desafio que importa aceitar.
Nas belas praias de areia negra as ondas são propricias à pratica de Desportos Naúticos.

Visitas & Itinerários

S.FILIPE

É o aglomerado mais antigo do Arquipélago a seguir a RIBEIRA GRANDE em Santiago.
Um passeio demorado pela cidade permite admirar as casas de traço antiga, os sobrados e jardins acolhedores.

Pico do Vulcão

Saída de S.FILIPE ou MOSTEIROS, de preferência em viatura alugada, até CHÃ DAS CALDEIRAS.Apartir daí, se estiver em boa forma física, faça a escalada do PICO, descendo depois pela vertente oriental.
Em CHÂ DAS CALDEIRAS pode-se apreciar a floresta de MONTE VELHA, magnífico parque natural com árvores de grande porte que contrasta com a aridez predominante da ilha.

Salinas de S. Jorge

A norte de S.Filipe pode admirar-se uma magnífica praia de areia negra, associada a grutas e recifes de rara beleza.

Outros Pontos de Interesse

Covas de Mosteiros, com 3 crateras cujos fundos estão cobertos de culturas.
Nossa Senhora do Socorro, pequena capela, sobre o mar.
Igreja de S. Lourenço e Ponta Verde, a 18 km de S.FILIPE.